rua abaixo

chove. chovem dúvidas. chovem certezas. chove sem parar. comprei um guarda chuva. um guarda-chuva furado. na verdade queria me molhar. faltava coragem para admitir. pelos furos só passam as certezas. as dúvidas deixa correr rua abaixo.

Ao som do vento e da chuva.

por dentro

não há atalho. a grande conquista só é possivel por fora quando a alma se conquista por dentro.

Ao som do silêncio.

de lá para cá.

ecomo um pendulo me movo de um lado para outro. às vezes parece que há uma certa rotina, as vezes parece que o relógio atrasou. não sei ao certo, mas tenho balançado mais do que gostaria. decidi tirar as pilhas. decidi bater por conta própria. somente no meu ritmo posso saber a hora certa de ser.

Ao som de Vicente Amigo.

sabia

eu sabia dançar. depois não sabia mais. depois fiquei confuso se sabia ou não sabia. daí ficava batendo só o pé. as vezes sem ninguém ver eu inveja aqueles casais dançarinos. eu sabia dançar, depois não sabia. até que houve a ruptura. daí não sabia o que ia acontecer quando tocasse uma música. mas lá estava ela, sentada, sozinha. um convite escrito para mim. então a tirei para dançar. acabou a confusão. eu sempre que soube que sabia dançar, só faltava a música certa.

Ao som de Michael Buble - Save The Last Dance For Me.

banho

eu posso escrever sobre a beleza do banho. por quê? porque eu quero, só por isso. e que porque de fato há uma luz no fim do banho. já tive insights publicitários em baixo do chuveiro, já discuti por água mais quente. é um espaço sagrado para mim. o banho quente alivia, leva-me para outros mundos. E as vezes quando volto, me seco em novas idéias. essas por si só, já valem um novo banho quente.

Ao som de Seal.

e não voltou

não voltou mais atrás porque as velhas roupas já não serviam mais. sapato apertado dói no dedo. não amaldiçoou o caminho, apenas escolheu outros. as vezes velhas linhas de trem voltam a se cruzar. uma ilumina o caminho da outra por um breve segundo. depois a viagem segue. ele não voltou mais, mas sempre vai guardar aquela camisa preferida.

Ao som de Seal.

e ele volltou

voltou a escrever porque sentiu que precisa canalizar sua energia em outras direções. ah, claro, tinha que haver um par de olhos entre isso tudo. Um par de pernas, um par de braços, um par de boas intenções. mas agora é diferente, ele só sairá de casa por um motivo tão bom quanto aqueles que o mantém fixo em seus pensamentos. é meu velho, quem antes se mexia por qualquer barulho, agora só mexe por música. boa música essencialmente.

Ao som de Seal

ela é diferente

diferente do que? diferente do mesmo? o que é o mesmo? diferente de bom ou diferente de ruim? diferente do verde ou do vermelho? mas ela era diferente! ah tá, eu também sou diferente de uma girafa e isso não representa um bom e verdadeiro motivo. então que eu encontre uma dessas iguais, do tamanho do amor que cabe em mim. isso basta.

Ao som de Acappella Jazz.

foi a gravata

eela me puxou pela gravata e me beijou. foi a gravata eu sei. eu mesmo não estava em uma noite muito inspirada, já bastava os bons motivos do momento. foi a gravata eu sei. a confusão estava formada. do beijo não gostei. o que é vazio já não me preenche.

Ao som de Mercedez e Jorge Drexler

quando cheguei

e então, quando aterissei de volta, tudo parecia diferente. as mesmas piadas já não me faziam rir, já não dançava ao som das mesmas músicas. velhos amigos pareciam estranhos, enquanto antigos estranhos surgiam como novos amigos. não há como explicar, mas quando optamos por mudar a nossa vibração, inevitavelmente passamos a enxergar o mundo por um novo prisma. quando se descobre a força do amor, começa-se a buscar um real sentido para tudo.

Ao som do Acappella e do John Mayer - não necessariamente juntos.

outra frequência.

resolvi mudar a cor da paredes do meu quarto. mudei os móveis de lugar, coisas velhas joguei fora. no meio de toda aquela bagunça, encontrei uma velha revista de um antigo super-herói. ele tinha o poder de desaparecer quando quisesse, tinha a força para vencer qualquer adversidade. li, gostei. coloquei minha capa e então voei.

ao som de Acappella - Spiritual Touch

eu voltarei...